sábado, 15 de janeiro de 2011

Década 40

       Foi na década de 40 que os conflitos armados que assolaram a década anterior chegam ao apogeu. Um ataque realizado pelo Japão em Pearl Harbor marca a entrada dos Estados Unidos na Segunda Guerra Mundial. Os estadunidenses explodem bombas atômicas nas cidades de Hiroshima e Nagasaki. Hitler comete suicídio e Mussolini é fuzilado. Tiveram início também a Guerra Fria e o Plano Marshall.


       A Segunda Guerra Mundial exerceu um forte impacto sobre o design e a fabricação de produtos. Os países envolvidos nas hostilidades logo restringiram o uso de matérias-primas, e as próprias fábricas, muitas vezes passaram a se dedicar à produção militar. A cidade de Paris, ocupada pelos alemães, já não contava com todos os grandes nomes da alta-costura e suas maisons. Muitos estilistas se mudaram, fecharam suas casas ou mesmo às levaram para outros países. Apesar das regras de racionamento, impostas pelo governo, que também limitava a quantidade de tecidos que se podia comprar e utilizar na fabricação das roupas, a moda sobreviveu à guerra.


        A silhueta do final dos anos 30, em estilo militar, perdurou até o final dos conflitos. A mulher francesa era magra e as suas roupas e sapatos ficaram mais pesados e sérios. A escassez de tecidos fez com que as mulheres tivessem de reformar suas roupas e utilizar materiais alternativos na época, como a viscose, o raiom e as fibras sintéticas.


       Na Grã-Bretanha, o "Fashion Group of Great Britain", comandado por Molyneux, criou 32 peças de vestuário para serem produzidas em massa. A intenção era criar roupas mais atraentes, apesar das restrições.
       O corte era reto e masculino, ainda em estilo militar. As jaquetas e abrigos tinham ombros acolchoados angulosos e cinturões. Os tecidos eram pesados e resistentes, como o "tweed", muito usado na época.
       As saias eram mais curtas, com pregas finas ou franzidas. As calças compridas se tornaram práticas e os vestidos, que imitavam uma saia com casaco, eram populares.

       O náilon e a seda estavam em falta, fazendo com que as meias finas desaparecessem do mercado. Elas foram trocadas pelas meias soquetes ou pelas pernas nuas, muitas vezes com uma pintura falsa na parte de trás, imitando as costuras.


      Os cabelos das mulheres estavam mais longos. Com a dificuldade em encontrar cabeleireiros, os grampos eram usados para prendê-los e formar cachos. Os lenços também foram muitos usados nessa época.
     A maquiagem era improvisada com elementos caseiros. Alguns fabricantes apenas recarregavam as embalagens de batom, já que o metal estava sendo utilizado na indústria bélica.
      A simplicidade a que a mulher estava submetida talvez tenha despertado seu interesse pelos chapéus, que eram muito criativos. Nesse período surgiram muitos modelos e adornos. Alguns eram grandes, com flores e véus; e outros, menores, de feltro, em estilo militar.
 

      Durante a guerra, a alta-costura ficou restrita às mulheres dos comandantes alemães, dos embaixadores em exercício e àquelas que de alguma forma podiam frequentar os salões das grandes maisons.

      Alguns estilistas abriram novos ateliês em Paris durante a guerra, como Jacques Fath que se tornaria muito popular nos Estados Unidos após a guerra, Nina Ricci e Marcel Rochas, um dos primeiros a colocar bolsos em saias. Alix Grès chegou a ter seu ateliê fechado logo após a inauguração, em 1941, pelos alemães, por ter apresentado vestidos nas cores da bandeira francesa. O estilista inglês Charles James, que chegou a antecipar, em alguns, o que viria a ser o "New Look", de Christian Dior.

                                         Jacques Fath                                                   Conjunto de  Nina Ricci

                            Marcel Rochas                                                                       Christian Dior

      Durante a guerra, o chamado "ready-to-wear" (pronto para usar), que é a forma de produzir roupas de qualidade em grande escala, realmente se desenvolveu. Através dos catálogos de venda por correspondência com os últimos modelos, os pedidos podiam ser feitos de qualquer lugar e entregues em 24 horas pelos fabricantes.
      Sem dúvida, o isolamento de Paris fez com que os americanos se sentissem mais livres para inventar sua própria moda. Nesse contexto, foram criados os conjuntos, cujas peças podiam ser combinadas entre si, permitindo que as mulheres pudessem misturar as peças e criar novos modelos.


      A partir daí, um grupo de mulheres lançou os fundamentos do “sportswear americano”. Com isso, o "ready-to-wear", depois chamado de "prêt-à-porter" pelos franceses, que até então havia sido uma espécie de estepe para tempos difíceis, se transformou numa forma prática, moderna e elegante de se vestir.


      Em 1945, foi criada uma exposição de moda, com a intenção de angariar fundos e confirmar a força e o talento da costura parisiense. Como não havia material suficiente para a produção de modelos luxuosos, a solução foi vestir pequenas bonecas, moldadas com fio de ferro e cabeças de gesso. Foram 237 bonecas, devidamente vestidas pelos maiores nomes da alta-costura francesa.

 

       No pós-guerra, o curso natural da moda seria a simplicidade e a praticidade, características da moda lançada por Chanel anteriormente. Entretanto, o francês Christian Dior, em sua primeira coleção, apresentada em 1947, surpreendeu a todos com suas saias rodadas e compridas, cintura fina, ombros e seios naturais, luvas e sapatos de saltos altos.

 

      O sucesso imediato do seu "New Look", como a coleção ficou conhecida, indica que as mulheres ansiavam pela volta do luxo e da sofisticação perdidos. Dior estava imortalizado com o seu "New Look" jovem e alegre. Era a visão da mulher extremamente feminina, que iria ser o padrão dos anos 50.


      A moda feminina dessa década é considerada uma das mais lindas e sensuais do século XX, visto que o cinema hollywoodiano mostrava beldades como Rita Hayworth, Ingrid Bergman, Ava Gardner, dentre outras, o que ajudou a construir essa concepção coletiva. Foi também nos anos 40 que Marilyn Monroe surgiu pela primeira vez nas telas.
                                         Rita Hayworth                                                   Ingrid Bergman

 
                                                          Ava Gardner


Bonecas Barbie Anos 40

 

Moda Atual

     A Lanvin, do Alber Elbaz, na temporada 2009 dos desfiles de Paris trouxe uma coleção nos estilos dos anos 40.




Um comentário:

  1. Acabei de ler James Laver, pg.252 ( A era do individualismo), que assim como vc abordam a dinâmica das saias e das blusas nos anos 40. Valeu o encontro! Grato
    Warner

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